2.10.10

Palavras

Palavras, copos, pés,
som em fundo azul
Sentidos esquecidos
dentro de um baú,
Junto com as fotos e frases
onde nunca usarei
sem responsabilidade,
sem nenhuma razão

Queimam num lindo fogo
em tom pôr do sol
no Arpoador
Fumaça que intoxica
restando
as cinzas do crematório
indo bem fundo
mar absorvendo toda dor,
amanhecer em claro,
choro em prantos
Perda, proteção, intuição

E mais um amor eternizado
Enterrado, lembrado, calado
Sem lua, sem noite,
chovendo lá fora e dentro da mente
confusa, perversa, brilhante

Esperando incubadora
no amanhecer sereno
gritando sentidos terceiros,
liberdade no nascimento,
vida nova, novamente
Sem fraudas, choro, traumas

Cativando sabedoria ingênua,
alegria desprovida de medo,
paz sem conhecimento perigoso do fim

Crescer, viver, morrer,
até acertar o alvo no centro
sem saber mirar
sem arco nem fecha,
olhar nublado, distorcido,
cheio de possibilidades distantes
Sem trevas, enigmas, teoremas

Solidão, então
Você, um tempo
Um dia, remoto
Saudades de um corpo, vida
Olhar de menina, segurança
Maturidade, tardia
Cheiro, pele, amor
Calafrios, arrependimentos, passado
Casamento, coisa, medo
Diversão, você, lar
Stoneall, castiçal, seda
Estilo, flores, show
Dinheiro, cultura, ilusão
Caetano, frio, escuridão
Família, distância, percepção

E nem fez mal,
e nem fez bem

Fizeram apenas palavras

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