4.6.10

50 anos de Brasília

O telefone não para de tocar
anunciando que o presidente não foi deposto
e no alto-falante o berro conformado
Multidão enfurecida
Protesto na mesa do bar

Falta no ar a umidade do litoral
Nada diferente
no meio do nada
Ponto vermelho de merda
Faltam acordes no
Cú do Brasil

Lá atrás tem um lago
Cheio de corpos flagelados
Canalhas misturados ao povo
Criminosos sem gosto
quase sem tempero

A cada quatro anos
recomeça o olhar paranóico
Sou o idiota
calado na madrugada

Uma bomba explode
na cabine do piloto
Entre os mortos nenhum inocente
Eram mortos demais

Sertão irrigado
Para embaixadores embriagados
corruptos distantes da Cinelândia
Zoo expondo seus animais
a República Federativa do Cirque Du Soleil

Estou trazendo no meu vôo
Devaneios de um conhaque barato
Na escuridão do distrito
Ninguém tem pecado, somente
os padres pedófilos, burgueses
as putas e suas entranhas, e
poetas com medo de nunca
serem lidos

Capital do infame aculturado

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