3.12.10

OFF

Sofrimento, ira, desamor
Mofo, lixo, cansaço
Caminho sem fé,
Corpo marcado
Mente em stand by,
Lanterna de pilha velha

Parasita, ciúme, descaso
Vicio, solidão, pavor
Traumas, medo, psicose
Distúrbios neurológicos

Fome, tormento, vadiagem
Aflição, angustia, tortura
Descontrole cerebral
Composto fatal

Ai vem você com esses
olhos de imensidão
sorriso de colo sereno
Amparo sem igual

Seus minutos de 1000 segundos
Desaceleração
Dormência de sentimento
Músculo relaxando
Amor, cumplicidade, desconexão

Choro compulsivo, intercadente.

1.12.10

Windhuk desgorvenado

Aos queridos Glaucia e Johann, amigos tão distantes quanto inseparáveis.

Mal chegou perto
e já traduziu o bem.
Bem achou distância
baixou a guarda pro mal.

Lá longe,
onde o céu é somente meu.
Lá atrás,
da ponte onde não se pisa.

Vivendo a vida no eixo
onde horas são
semanas em claro sobre
livros de consertar ossos.
Rodeando cinzeiros,
buscando distancia
do horizonte no olhar.

Falando horas sem pensar.
Amor ariano puro
como minha raça
bela, forte e negra.

Mal chegou noite
e já sinto a garoa.
Bem achou minha casa
sinto o perfume do teu mar.

Lá entre,
os arranha-céus poluídos
Lá longe,
enforcado em gravatas baratas.

Distante da pele,
perto do ouvido.

Tão sempre quanto longe.
Tão perto quanto simples.
Logo aqui, dentro de mim.

27.11.10

Poesia em Movimento - Força Babilônia Super Nova



Que a paz chegue ao nosso Rio de Janeiro. Para isso é preciso imposição, confronto, coragem e inteligência.
 
Sinceramente espero que o meu olhar sobre essa ausência de omissão do governo, não esteja além do que se vê. Não esteja onde o lucro com as obras dos próximos eventos que aguardamos em nossa cidade seja maior que o dinheiro sujo vindo do comércio das drogas.

Podemos estar vivendo um grande marco. Minha visão é de esperança. Nada de extraordinário vem sem um mínimo de sacrifício e que ele seja o menor possível para as famílias que estão vivendo esse inferno provisório, com suas bandeiras brancas perfuradas de balas.

A paz organizada sempre foi possível, mas bastou um mínimo de boa vontade e vergonha na cara. Sinceramente espero que Garotinhos nunca mais, com seus cheques de 1 real comprando um povo que se acostumou a estar sempre em liquidação e vender sua voz por quase nada.

24.11.10

Temporizador

Se você pudesse parar o tempo
Se ele não tivesse
o poder de ser cruel
Temporal

O carnaval sempre termina
Os 90 minutos sempre acabam,
por vezes sem gols
O corpo, um dia padece
A noite finda sempre
com o sol teimando em nascer

Um dia a luz se apaga
A lágrima, no colo seca
O surto não resiste
aos choques de 110 volts

Mas minha alegria
se confunde com o tempo
Passa leve
deixando rugas talhadas,
criando cabelos sem cor

A exaustão sempre chega
por trás da longevidade do gozo
O mas, sempre é dito
A rosa acaba murchando
dias depois do sorriso largo

Hoje qualquer
anti-herói salva a mocinha
Não para mudar o mundo,
mas por ela ser gostosa

Tempo,
conta gotas do fim,
relógio de Deus,
supositório da alma

19.11.10

Montanha Russa (7 x 7)

Meu grande amor. Obrigado por esses 7 anos dentro de um casamento de sucesso, amor e paixão.


Não adianta fugir
Somos droga na mão de viciado
Somos sol que sempre volta
pela manhã
Somos coração que sem sangue
vira músculo qualquer

Por onde mais podemos andar
se somente juntos
podemos voar

Não adianta fugir
Somos as luzes da Broadway
ao anoitecer
Somos a top model,
que sem a passarela glamurosa,
não passa de uma magricela

Por onde mais podemos dormir
se somente juntos
conseguimos flutuar
transmutar, transcender

Não adianta fugir
Somos o encaixe assimétrico
em perfeição
Somos a faísca, a pólvora e a explosão
Somos a rosa
que sem perfume
seria apenas bela

Por onde mais podemos beijar
se somente juntos
sentimos as almas
fundirem

Não adianta fugir
Somos o pote de ouro
no final do arco-íris
Somos a música e os ouvidos
Somos o anoitecer
que sem a lua e as estrelas
não passaria de escuridão

Por onde mais podemos chorar
se somente juntos
temos o toque que equilibra
e trás a paz

Não adianta fugir
Somos tinta nas mãos de Dali
Somos o orgasmo e o sexo
Somos o sorriso das crianças
que sem amor
seriam apenas filhos

Por onde mais seremos felizes
se somente juntos
podemos ser completos

Não adianta fugir
pois somente juntos
somos nós mesmos

15.11.10

Rotulando Sentimentos

É estranho viver sem paixão
Rótulo ao acaso
Feliz na transição sem angústia
buscando equilíbrio na ampulheta
deixando a areia cair
simplesmente, ao seu bel prazer

Cresce a casa do amor
e no dia do completo
aceleraremos pela contramão
da Abbey Road até provocar
um acidente de verdade
destruindo nossa diversão

Porque
um Dali não é eterno
Gandi não foi só alma
Kurt Cobain não foi só destruição
Renato Russo não foi só solidão
nem Madre Teresa de Calcutá
foi só esperança

O joelho dói
Ainda nem sangrou
e o canal de luz já se abriu
acalmando essa necessidade
de estar dentro de tudo
e escrever o próprio destino

Tem cacos de vidro pela rua
mas ando descalço
porque sou forte
como mar revolto
e sensível como as rosas
diante de tua janela

Rastro gasto sem vida
Lua sem a luz do sol
Diabo sem escuridão
Vinícius sem as letras do alfabeto
Freud sem nossa psicose
João Gilberto sem os acordes
de um violão qualquer

Porque
Angelina Jolie não é só beleza
Cazuza não foi só rebeldia
Sade não é só sedução
nem os Beatles foram de todo original
Assim como sou plenitude
e não só você

A vida é um oceano
onde escolhemos gotas
e nem sua gota perfeita
é só perfeição

10.11.10

Canal 021

A vitamina do certo
contamina toda vida descomposta
No porto quase mascarado
singelo grito sozinho
esperando o bom e o belo

O Rio de Janeiro continua lindo
com suas balas perdidas
enfeitando o corcovado
e as ondas perfeitas com horizonte
do posto 9

Amargo é o sertão de tão triste
como minha alma perdida
cheia de catarro nas narinas

Sinto-me Ray Charles cheio de dom
não enxergando um palmo
diante a espada impiedosa
80 loucos samurais

O meu amor é canino
em desfile de pulgas
pelos teus quadris
Teto negro impressionista
Fila da câmara de gás

Preciso de menos BOPE e
mais Suvaco do Cristo
Preciso de mais Maracanã e
menos sangue no jornal
Leitura de revolta sem voz

Amigos meus,
escondidos personagens
nos trens da Central do Brasil
no Baixo Gávea
nas obras do MAM
fingindo que são quase o que sinto

E o equilíbrio vem de dentro
quase que nunca nu
Tom sustenido
perdido entre acordes dissonantes

Mascando o chiclete novo
com o mesmo gosto do nada
Tempo traindo minha memória
que pouco uso para o incerto

Minha cidade poderia ser apenas Arpoador,
Mirante do Leblon,
Baia de Guanabara,
cariocas
e minha empolgação surrealista

1.11.10

Esporro Coletivo (Parte 1) - Ser Capitão Nascimento Todo Dia é Foda

Não se trata de um desabafo.

Trata-se sim de uma reflexão sobre a espécie, de um memorando ao mundo, de um esporro coletivo.

Estou com uma sensação estranha, um estado zen de passividade anti-revolta, como se eu estivesse entrando nessa onda de energia conformista, onde os princípios básicos viraram tão básicos que quase nada mais indigna e quase tudo recebe o status da normalidade.

Parece que o ato de demonstrar indignação, passou a ser grife, passou a ser apenas uma maneira de mostrar a sociedade que: - “Ei vocês, olha só, eu tenho caráter, eu não aceito”. No fundo o que importa é o próprio quintal, o resto é normal, não machuca a própria carne, então olhamos sem ver.

Votamos em um analfabeto para deputado federal, como pretexto do deboche, mas no fundo estamos apenas refletindo nossa própria imbecilidade mascarada de protesto.

Traímos nossas esposas, maridos, namorados e namoradas. Banalizamos os sentimentos que deveríamos preservar e até contamos vantagem por total falta de assunto nas mesas de bar.

Oferecemos um cafezinho pro guarda na blitz para aliviar o IPVA atrasado, compramos um “baseadinho” só para relaxar e depois reclamamos que a polícia é corrupta e idolatramos o ex-capitão Nascimento com o que eu chamaria de falso pudor, ou ainda indignação incoerente.

Sensibilizamos-nos com mineiros resgatados no Chile, mas poucos ocupam o seu tempo e inteligência para criar novas Fênix para resgatar as crianças que imploram atenção por trás do vidro, entre as balas, sem educação e sem ar-condicionado.

Aceitamos sem nojo aos deputados e senadores brincando de Deus, se escondendo atrás de seus conselhos de “ética”, de suas revoltantes imunidades parlamentares e da falta de repulsão imposta ao povo que se acostumou a ser pisado de boca fechada.

Baboseira... muita baboseira. Alguns de vocês devem estar pensando agora que tive uma noite mal dormida, acordei com ressaca de consciência e falta de senso da vida real. Meus amigos, hoje tenho a utopia do mundo em que a honestidade é high fashion e que pensar no próximo não é apenas uma frase idiota dita na igreja que vamos semanalmente, acreditando que nossos pecados estão sendo pagos com dízimos e ofertas.

Basta de hipocrisia, basta de achar que não fazemos parte de um todo, mesmo que ele não tenha trilha sonora.

Basta de revolta modista pela morte dos filhos que vendem jornais. Vamos nos revoltar também pelos filhos das pobres, negras e faveladas que morrem diariamente calados, sem ponto no IBOPE, sem comoção nacional.

Basta por hoje e amanhã vamos ver como acordarei.

24.10.10

Doses de Amor Curtido

Se eu não me destruísse
Se não despertasse

Pode nem saber
Junto caminho só
Culturalmente curtido pelo mundo

Namorando, traindo o meu olhar
O eterno termina sempre amanhã
Contido, caio em luto
Sentimentos em tocaia
Mudo realmente calado

Portais de loucura entreabertos
Som sempre acima
Confortável exposto

Alegria compulsiva de ferida aberta
Sigo tendo o sofrimento ignorado

Pelos watts de energia persuadindo
o mundo a ter um Calvin Klein

Pelo coma profundo dos cacos
de um antigo aparelho de chá
dormindo numa obra de Galdi

Pela ferrugem que corrói um
importante parafuso que suporta
a bela torre de Paris

Pelos acordes mais famosos,
prensados em vinil,
vendidos numa loja em Liverpool

Pelos abraços que Vênus de Milo
nunca me deu

Até mesmo pela ausência do medo
daquele silêncio que precede o fim

Se eu despertasse
Se eu não me destruísse
Nessa loucura que é viver

19.10.10

Derby Final

Aos irmãos Glauco e Rochele, na alegria do padrinho pela união


Game Over
A pelada de várzea perdeu a graça
Futebol em campo careca
e meião furado

Agora é pra valer
Com estádio de primeira
e bola de Copa do Mundo

Dia 30 de outubro vai começar
Campeonato Brasileiro de dois Clubes
Vasco e Grêmio
em emoção de arquibancada lotada

Jogos de ida e volta no mesmo estádio
Jogos de milhões de minutos
Jogos que apenas o empate interessa
aos dois clubes
e que seja regado de belos gols

O juiz vai iniciar a partida
E pela importância do clássico
É melhor mandar dois
Um de batina abençoando,
outro com mantra celebrando

Vai começar o esperado derby
Isso é que traz emoção
Meu lugar já está reservado
bem perto do campo
Os dois times serão campeões

14.10.10

Bandeides Coloridos

De onde vem essa euforia, pulsante
Sem efeito colateral
Esse cara não tem problema, não

De onde vem esse sorriso, debochado
Voltando outra vez

Quero mais
Não entender
Quadro sem moldura,
em armário qualquer

De onde vem essa tristeza
Cortando lágrimas
Tom de melancolia, em si bemol
Confundindo tudo com paz

Quero mais é vadiar
Puta de cabaré na Mauá
Batom irretocável, borrão

Sei é de onde vem o amor
Em seu sorriso de novidade
Carinho de sétimo andar
Na cura de toda dor,
em bandeides coloridos

Quero mais,
nunca sair de seus braços
Entre abraços
Onde mais fico sentimental

5.10.10

Rota de Fuga

Somos muito
Tempo de estrada sem lados
Podemos seguir, voar em outros mundos

Mas na consistência da sua boca,
Inconseqüente
Meu inferno vira
Desfile de versos perfeitos
Meus medos,
Um punhado de cicatrizes banais
Límpido, ávido, transparência

Dentro dos seus olhos,
Surpreendentes
Espelho de sorriso bobo
Minha tristeza
Sai em rota de fuga
Rota 66
Meus pesadelos
Sono de criança
Entrelaçada

No rebolar do teu corpo
Perplexo
Meu mundo vira
Fragmento, complemento de alegria
Meu sossego
Um show dos Stones
Num Central Park lotado

Quero ficar por aqui
Sem ter pra onde ir
Esperando pra te mastigar
Irretocável
No escuro, em um canto
Compulsividade
Movimentos involuntários, incontroláveis

2.10.10

Palavras

Palavras, copos, pés,
som em fundo azul
Sentidos esquecidos
dentro de um baú,
Junto com as fotos e frases
onde nunca usarei
sem responsabilidade,
sem nenhuma razão

Queimam num lindo fogo
em tom pôr do sol
no Arpoador
Fumaça que intoxica
restando
as cinzas do crematório
indo bem fundo
mar absorvendo toda dor,
amanhecer em claro,
choro em prantos
Perda, proteção, intuição

E mais um amor eternizado
Enterrado, lembrado, calado
Sem lua, sem noite,
chovendo lá fora e dentro da mente
confusa, perversa, brilhante

Esperando incubadora
no amanhecer sereno
gritando sentidos terceiros,
liberdade no nascimento,
vida nova, novamente
Sem fraudas, choro, traumas

Cativando sabedoria ingênua,
alegria desprovida de medo,
paz sem conhecimento perigoso do fim

Crescer, viver, morrer,
até acertar o alvo no centro
sem saber mirar
sem arco nem fecha,
olhar nublado, distorcido,
cheio de possibilidades distantes
Sem trevas, enigmas, teoremas

Solidão, então
Você, um tempo
Um dia, remoto
Saudades de um corpo, vida
Olhar de menina, segurança
Maturidade, tardia
Cheiro, pele, amor
Calafrios, arrependimentos, passado
Casamento, coisa, medo
Diversão, você, lar
Stoneall, castiçal, seda
Estilo, flores, show
Dinheiro, cultura, ilusão
Caetano, frio, escuridão
Família, distância, percepção

E nem fez mal,
e nem fez bem

Fizeram apenas palavras

25.9.10

Diabo Filho da Puta

Cai a noite lenta
Muito devagar
E com ela a calma
Momento perfeito
De te ter nas mãos
Com tudo do melhor de mim

Porque teus lábios
Refletem minha busca
Teus olhos minha imensidão
Tua mente
Meu corte, meu remédio

Vazio de folha branca
Em programa de TV
Espero suas cores diluídas
No teu dia gris

Mascaro minha sorte
Em gozo contido
Carrego correntes na alma
Com chaves escondidas
Na transparência dos teus mistérios

Luto contra o diabo
Distorcendo o obvio
Criando verdades virais
Sou tolo, Sou lúdico
Sou fragilmente mortal

18.9.10

Viagem com o Sargento Pimenta

Ganhei uma máquina do tempo. Um toca discos em vinil.

Ontem fiz uma viagem ao início da década de 90. Início da juventude merece uma droga poderosa e lá fui eu procurar o Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles.


Capa do LP Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (The Beatles, 1967) 
Uma limpeza na agulha empoeirada e um carinho no LP com a flanela e pronto.

Início do lado A - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, música que deu nome ao disco.

Começa a Viagem com ruídos do público e os primeiros riffs de guitarra elétrica.

Me deparei com um tempo sem Orkut, Twiter, MSN. Tempo em que os nativos não eram digitais e o máximo de tecnologia era ter um Pager Teletrim.

Música 3 - Lucy in the Sky with Diamonds, onde as iniciais LSD remetiam a droga utilizada por Lennon e Paul. O mundo não precisaria mais se drogar para viajar. A droga estava pronta nos seus acordes de Lucy e sem entorpecentes.

Lá estava eu no tempo onde os amigos estavam mais presentes, os abraços eram calorosos e não vinham acompanhados com emotions coloridos e irritantes.

Um tempo onde o Circo Voador era realmente um circo e na minha cabeça existia uma áurea mais leve, juvenil. Carregava uma vontade de inovar o mundo e as pessoas eram mais tácteis, vivas e sem códigos binários.

Final do lado A - Being for the Benefit of Mr. Kite!

Acordo com o som inconfundível da agulha nas fendas do vinil a espera de mais combustível. Pausa para por mais gelo no copo.

Início do Lado B - Within You Without You

Doses de Jonny Walker depois estava literalmente lá. Calça Levis 501 rasgada, vários brincos na orelha, uma barbicha ridícula, bota, camisa do Nirvana e nada na cabeça. E eis que vos digo: O que mais gostei de reviver foi não ter nada na cabeça além de projetos audaciosos, poemas em guardanapos e um foda-se fácil, imponente e arrogante que deslizava para o mundo garganta a fora com uma naturalidade inconseqüente de quem acreditava não precisar dele para viver.

Os amores eram misteriosos e volúveis, com a mesma intensidade. Como acordes de A Day in the Life e seus 160 instrumentos sobrepostos interrompidos por um dissonante despertador que me fez acordar em 2010.

Hora de guardar o vinil em pé para não empenar e ir dormir no anonimato como todos os outros que ficaram de fora da capa mais conhecida de todos os tempos da história do rock´n rool.

14.9.10

Abridor de Olhos

Dentro do carro
Tem vista pro sinal
Tem ladrão com arma na mão e
Criança em liquidação
Tudo a 1 real

Mas o carro é blindado
Pra você está tudo bem

Por fora da maca
Tem corredor lotado e
Dor que não cabe na lotação
Vernissage de desespero

Mas o plano de saúde tá pago
Então tá tudo bem

O índio está queimando e o
Crioulo ensangüentado no chão
Mortes no PlayStation de última geração
Mortos de fome da destruição

Mas o advogado faz baby sitter
As crianças vão ficar bem

Cheirada na zona sul
Compra Nike, AR15 e
Chupeta de crianças que
Morrem e matam
Ciranda de corpos

Mas a galera fica em êxtase
A festa foi legal, então tá tudo bem

Está tudo bem
Até feder no quintal
Com cobertura em massa na TV
Como se o caos não fosse diário
Diariamente.

12.9.10

Amor e Paixão

Amor e paixão,
Ambigüidade
Paralelos do mundo comum
Utopia do fogo em brasa
Luz eterna enquanto vida
Cortam minha alma e carne
Com o mesmo punhal.

Feliz do homem
Apaixonado pela mulher que ama
Infeliz, em sofrimento
Dos amores sem revés

O Homem é aquilo que ama,
Sofre, constrói, mas
Principalmente o que ama
Por se ele o amor
O motor da eternidade
E a paixão
Seu combustível mais visceral.

5.9.10

Um Dia Sem Fé

Andando
mesmo sem esperança
e com o movimento de sobreviver
Castigando e cortando navalhas

O corpo sempre responde
andando
para momentos de alegria contida
Quase sempre escassos
Quase sempre calados

Como se a máquina rastejante
não fosse feita para rir
Vida que não perdoa
Vida que segue
Vida que atropela

Sermões de ânimo
com dízimo nas mãos
transformam pastores
em comerciantes de fé
para as almas que temem parar

Andando sempre
o circo tem platéia cativa
balançando as jóias
O show não pode parar

Mas o fim me parece o início
do descanso
de quem conta moedas
para andar ainda mais atrás de outras

Andemos sem parar
nem mesmo para refletir
Sem desanimar

4.9.10

Batidas de um Só Tom

Quero mais, desse seu sorriso
Quero o gasto
com gosto de novo
Totalmente reciclável

Quero o mundo
dentro do teu olho
entre seus sentimentos mais profundos
e seus votos de amor eterno

Quero teu suor e gemido
entre o visceral perdido entregue
e o amor cego e sublime
Loucura, maior, melhor

Quero muito mais,
dessa certeza introspectiva
desse fogo incondicional
dessa sensação de único

Completo em dois

Desse mundo estranho
apenas as pedras
Desse nosso amor
o princípio em nós
dentro,
essência,
Batidas de um só tom.

20.8.10

Carmas Urbanos

Ela sempre volta
paranóias e armadilhas
Lexotan, sangue e sistema nervoso neural

Ele nunca volta
nunca quis estar
onde nunca se enxerga mesmo com óculos
Omissão paga com cheques mensais

Um dia de megafone
entre carmas urbanos
fazendo das vidas
ciranda de letrinhas
Por distração
Por maldade
Por pura falta de paz.

Esses lúdicos valores
expõe meu mundo
MAM com temporada
prevista pro MASP e
comercial nobre
em TV aberta.

Todos vão ver o sol
Brincar de rebolar em quartéis militares
Cuspir numa mártir comunista
Respirar ar puro
de uma câmara de gás nazista
Pichar a Monalisa no Louvre, ou
chupar o pau do palhaço Carequinha

E eles que não voltem hoje
porque amanhã tem praia
e o sol vai estar a pino
na minha cara estragada
cheias de rugas astrais

15.8.10

Balde Frio

Ontem perdi meu grande amor pulando de um abismo
sem asas,
sem fé.

E como vou respirar
se meu ar fica nos seus pulmões
trocado por sorriso banal.
Mentiras pré-fabricadas
em mesas de bar.

Ontem perdi você
quando não me achei
caminho mais fácil e inconseqüente,
primeiro ruído e escuridão.

Troquei
teu sol, luz eterna
por luz de lanterna de liquidação
com pilha barata

Eclipse sem precedentes

E eu que nunca mais gritei solidão
Choro de vergonha
Corro sem ter aonde chegar

Ontem perdi meu amor
Hoje me calo, burrice arrogante
renascendo
na mesma esquina do tempo
por ser verdade, mesmo em revés

Amanhã eu vou acordar
lutando
pelo puro,
pelo belo.

Única coisa do mundo
capaz de me salvar da mesmice,
marcar meu passo da paixão,
e me completar nessa tormenta

Amar torna essa louca vida
muito mais perigosa.

Supernova trazendo novos kelvins.

13.8.10

Equalizando Espíritos

Somos idiotas equalizados
Correndo para chegar
Atropelando nossos iguais
Tornando tudo mais desigual

Somos egoístas de plantão
Sugando o mais fraco
Dispostos a doar o mínimo possível

Somos todos,
Sanguessugas, carrapatos
Atrás das feridas expostas
do cachorro que ninguém cuida

Somos seguidores fieis
Do XI mandamento
“Não ajude ninguém, que não a si mesmo
ou que vá ter alguma vantagem”

E assim segue o mundo
Com seus idiotas equalizados
Seus saldos bancários
Suas espertezas admiráveis
Lutando apenas para não ser
o otário da vez

Umbigo mais importante do mundo.

27.6.10

Circo Voador

Lotado todo Circo Voador
Lotada minha lixeira de poemas em branco
Lotado de espaço vazio
cabeça em acontecimentos eternos

Estive por fora da sua casa
traído pela madrugada inventada
atrás do que não pode dar certo

Noite nos baixos
de Manhattan a Lapa
diante rodízio de botecos

O teu amor distante
me faz, por horas
parar em frente ao Arpoador
esperando discos voadores,
maremotos, vaga-lumes
e meu autocontrole remoto.

Lotada essa esquina vazia
Lotada a cama
quando me morde
e faz partes de mim
rodar em suaves versos.

Lotada minhas palavras
desordenadas pelo pedido
quase sempre expresso

Essa noite foi de rock

No meu canto
de cara pro mar
tudo se faz show
dos Stones num circo lotado
e teu charme se confunde com vento
espalhando o que deve ser
meu último suspiro.

25.6.10

Flores Mortas

Reservei-te a melhor parte
do meu vazio, meu amor.
Mutação do teu veneno em remédio
parando aquele olhar.

Agora vem falar de amor.
Com fotos em branco daquele
sonho que morreu intocado.
Minha mente é mais
que teu corpo
insensatez e insensibilidade.

Escambo de sentimentos
atropelando o inacreditável sentido
das flores do nosso jardim,
transpassando os túneis
luminosidade incessante
final do que parece eterno.
Removem-se paredes sem base
tão facilmente quanto acredito
no término da busca.
Agora vem falar de amor.
Como uma tese padrão
de conceitos complexos
e resultados brilhantes.

Não desafie a sabedoria
de minhas rugas.

Reservei-te as mais lindas
flores mortas, meu amor.

Reservei-te toda a magnitude
do meu cinismo, meu amor.

Reservei-te todo meu verdadeiro
e incontrolável amor próprio,
meu adeus.

24.6.10

Nas Esquinas do Mundo

Esquina por esquina,
Que vira, que passa
E lá atrás dormiu
Dentro de um canto vazio
A espera de movimentos corporais
E acontecimentos refletidos
Nas primeiras páginas dos jornais

Esquina por esperança
Que quebra o imperfeito
Flutuando sobre sombras
Rasgando em impossíveis possibilidades
O que parece ser a única
E triste realidade

Esquina pela mesmice
Tracionando a roda da compreensão
Como uma lesma impaciente
Abrindo abismos entre
As desilusões pessoais e
Destroços dos sonhos em
Decadência

Esquina por frustração
Beijando o perigo na boca
Cortando punhos por desafio
Ao corpo que parece não ter
Sentido diante da degradação
Do espírito cansado

Esquina pela perversão
Escolhida nas curvas das cidades
Como carnes penduradas no açougue
Pagas com as moedas do troco
na compra dos tranqüilizantes
que nos garantem a covardia
de bater na cara da vida

Esquina por vida
Que em curva,
Que se curva, a sua reta
Capotando sem parar
Nem frear
Causando acidentes de verdade
Encontros talhados, e
Desencontros brilhantes

Esquina por medo
Que deixa olhar nublado
Peito em decomposição
Exalando pelos poros
O cheiro da covardia como
Um plástico pegando fogo

Esquina pela noite
Criando dossiês de adrenalina
Paradigmas no comando da mente
E o que se enxerga são muros
Grafitados de concreto
Sem portas, sem janelas, sem vida

Esquina por ela,
Que me perde na ida,
Que me acha no espelho
Sem perder estilo no rebolar
Logo me faz perder rumo
Experimentando o óbvio
ao gosto de novo

Esquina por mim
Que perplexo paro a esperar
Um acontecimento que mude
Todo do roteiro na história
Que ronda e domina a mente
Faminta pela possibilidade do novo
Na ponta da língua

Esquina por amor
Na espera do tropeço
Diante da pedra do acaso
Caindo no colo dessa vida
Existente nos sonhos distantes
Mas, companheira intensa
dos devaneios

Esquina da alma
Que movimenta o satélite
Que cria marcos
Que zera passado, e
Reescreve os futuros
Conformados e de triste fim.

Esquinas transpirando sentimentos
Invisíveis aos olhos do comum
Indo além do sentido do belo
Movimentos, arquitetura, intercadência.

18.6.10

Procura-se Solidão

Tanto a rodar.
Não venha curar-me
da doença de viver
a noite substancial,
nem tente me seguir
aos becos subornando a carência
com beijos de tesão duvidoso.

Será que estará
mordendo outras línguas sem sabor,
correndo no Central Park,
abrindo portas mentais em Amsterdan,
esperando minha chegada
na próxima estação.

Encontrarei o meu amor.

Vou rodar
por mais alguns bares.
Breve estarei só.
Tenho que ir, relento.
Beira de estrada veloz.
Frio puro e denso,
sem o mantra do aparelho de
condicionar ar.

Olhares por toda a cidade.
Cheiro incomensurável.
Bocas de um só beijo,
esquecível na ressaca
de vinhos amargos.

Será que estará
dentro daquele carro policial,
na piscina da casa no Joá,
mergulhando nua no Arpoador,
mixando novo cd em Liverpool.

Onde estará o meu amor?

Vai amanhecer.
Tenho ainda lugares
e sorrisos a conquistar.
Acabou sonhos e cigarro,
enquanto estados de vida
revezam-se numa ciranda
de escuridão e iluminação
em comum acordo com o clima.

Será que estará
escrevendo versos baratos no metrô,
nos acordes do violão de Fromer,
recebendo e-mails num ciber café,
devotando a um sutra no Tibet.

Ainda não encontrei meu amor.

Fim da estrada.
Encontro marcado na alma,
sol a pino na cara estragada.
Cama confortável.
Estímulos inúteis de percepção
que ninguém percebe.
Incenso,
escuro artificial,
sono,
dormi.

15.6.10

Um Mês de Vida

Engatinhando...

Essa é a palavra que mais sintetiza o Dentro de Todos os Amores, mas engatinhar já é motivo de comemoração.

Hoje o blog está fazendo 1 mês de vida, aproximadamente 600 pageviews e com isso vem cumprindo seu objetivo de disseminar minhas idéias, meus sentimentos dessa nossa louca vida e compartilhar tudo isso com vocês.

Tenho sentido falta de uma maior participação. Sei que estou sendo lido pela quantidade surpreendente de acessos, mas pelo oculto. Muitos e-mail de feedback, alguns seguidores confessos e fieis e poucos comentários. Sinto falta de maior participação, mas entendo que os temas abordados são muito mais reflexivos do que causadores de polêmica.

Aproveito esse post comemorativo para compartilhar com vocês o porquê de “Dentro de Todos os Amores”.

Há uns 10 anos atrás, escrevi na mesa de um bar no Centro do Rio um poema que descrevo abaixo:

Simples por ser amor

Preto curtindo meditação
Meu sorriso visto dos teus olhos
Marcas dos cortes profundos
Flores secas renascendo
Saudades do futuro atrasado
Gritos de mãe que nunca partiu
Madrugada confidente
Palavras inconseqüentes
Anjos desatentos
Cheiro de sombras ao relento
Distancia dos que quero por perto
Balsamo fluindo do teu corpo
Sonhos fundindo realidade
Estrada sem lados
Dançarinos da alma
Filho que se foi
Filho que nem veio
Percussão explodindo poesia
Ansiedade corroendo mistérios
Transpiração das palavras
Bichano se arrastando pelo chão
Atriz iludindo o real
Sorte marcada a fogo
Paz no botequim do inferno

Simples por ser amor
Visto do outro lado da razão
Visto do lado de
Dentro de Todos os Amores

Daí surgiu o que seria o nome de um livro que anos depois virou esse grande Livro Mutável e Vivo que é esse BLOG simples, por ser amor.

Quando estava fazendo o planejamento estratégico do Dentro de Todos os Amores, me surpreendi com parte imprescindível na minha história com as suas iniciais DTA, que só me fez ter certeza absoluta de que esse nome era o ideal para o essa janela exposta pro mundo, mas essa é outra história.

Parabéns ao Dentro de Todos os Amores e a todos que ajudam a divulgar, freqüentam, comentam, incentivaram sua criação e são importantes para sua existência.

Meu muito obrigado a todos.

13.6.10

Cuspindo no Tempo

Entre as flores,
basta a falta d'água
Aquele corpo na esquina,
um gatilho cheios de balas
Aos neurônios fervendo idéias pseudo originais,
doses seguidas de ópio
As frases perfeitas dormindo em estantes,
uma fogueira de livros
A mulher do dia anterior,
amnésia alcoólica do dia seguinte
As colunas sociais,
apetite incontrolável de destruição
Ao normal perturbador,
sequentes doses de 110V

Dentro de nosso amor,
nem dor,
nem distância,
consumindo fogo num canto

E para cada lágrima de sangue
um anjo agonizando,
um anjo em suicídio, e
nem a morte será capaz

10.6.10

Barulho da Baqueta

Ao querido brother Ross

Saia com teu amor gelado
Pretendo subir até o fogo
até onde eu tenho poder

Quero o fogo queimando
no centro da casa
Todos os teus medos
misturados com minha erva

Chega de perdões e promessas
Beatos fieis
subornando seus santos
com feridas nos joelhos
Quero é tapa na cara
Quero gritos maiores
Que toda dor

Estou atolado no mundo
enquanto você assiste
a vida passando no camarote
Convite vip em tribuna nobre
esnobando a tua metade
no quase nada que tenho

Quero o barulho ensurdecedor
das baquetas no meio do incêndio
Quero a certeza
nada mutável
eterno meu som
Preste atenção nas novidades
pois a terceira intenção
é sempre cruel

Embora saiba que não
sabe quem és
reflita ao menos na distância
Passos largos
subindo as escadas

Quero de certo somente
inimigos em guerra declarada
fidelidade dos poucos amigos e
o colo quente
que chega frio do sul.

7.6.10

7% (O Milagre)

Hoje eu brinquei de ser feliz,
Nos teus acordes dissonantes
No teu timbre singelo
Nem sabes que foi meu herói
Destruindo meus mais tenebrosos inimigos

Hoje a melancolia foi pra estante
Meu anjo fez carnaval
Na minha cara gasta
E eu que não soube ser feliz
Aprendi com teu sorriso
E eu que não soube lutar
Ganhei meu quinhão
Guerreando em silêncio
Junto de ti

Hoje a gloria é nossa
Sem mais ninguém
Hoje pude amar

Hoje, ordeno que tudo pare
Time Square sem ninguém
Onde passearemos tranqüilos
Mavericks sem nenhuma onda
Onde nadaremos sem medo
Pare qualquer guerra,
Porque por hoje
Tristeza nunca mais.

Hoje brinquei de ser feliz
Sou teu maior fã
Meu príncipe
Meu brother
Meu herói.

Alienígenas invadiram a Terra!!!

A Terra está cheia de alienígenas. Acredite!!! Passou na Globo News.

Na vida sempre esbarramos com ET´s que passam e acabam indo embora sem nos dizer muitas coisas, apenas comem gergelim. Outros chegam, ficam pra sempre entre os terráqueos. Há ainda os ET´s que dizem muito, mas vão embora mesmo assim em suas naves supersônicas, e os Cheylllas, aqueles ET´s que vivem de sugar nossa energia, ficam felizes com o sofrimento alheio, refletindo suas próprias desgraças e tristezas.

Mas hoje não tem rancor nem melancolia. Hoje quero falar dos extraterrestres com o espírito voluntarioso, preocupados com o próximo, que estão na vida para somar sempre. Esses seres são chamados de Amiggo´s.

Costumo dizer que esses Amiggo´s possuem uma vibração diferente, um brilho intenso que podemos reconhecer num olá. Em um mundo tão egoísta onde a grande maioria atropela os sentimentos, pisa no outro por mera distração não é muito difícil ver uma alma ofuscar o redor com seu amor, e, mesmo assim, poucos desses seres sobrenaturais passaram pela minha vida e esses, que passaram, sempre fiz questão de manter bem guardados e defendidos.

Um Amiggo desses está a anos entre nós vivendo no corpo de minha avó. Uma alienígena que veio para nosso planeta e conquistou meu coração. Sempre sento em uma espécie de sofá, em sua nave e o tempo parece não passar. Viajamos juntos por conselhos e desabafos, compartilhamos momentos e carinhos pelo olhar.

Esse extraterrestre tem poderes de acreditar sempre e transmutar as almas perdidas e carentes de direção.

Que eles, os Amiggo´s, fiquem a vontade pelo meu planeta e fiquem sem hora pra voltar, sempre por perto.

Quanto aos Cheylllas, que encontrem a paz e voltem para o planeta Enchi o’ Saco.

4.6.10

50 anos de Brasília

O telefone não para de tocar
anunciando que o presidente não foi deposto
e no alto-falante o berro conformado
Multidão enfurecida
Protesto na mesa do bar

Falta no ar a umidade do litoral
Nada diferente
no meio do nada
Ponto vermelho de merda
Faltam acordes no
Cú do Brasil

Lá atrás tem um lago
Cheio de corpos flagelados
Canalhas misturados ao povo
Criminosos sem gosto
quase sem tempero

A cada quatro anos
recomeça o olhar paranóico
Sou o idiota
calado na madrugada

Uma bomba explode
na cabine do piloto
Entre os mortos nenhum inocente
Eram mortos demais

Sertão irrigado
Para embaixadores embriagados
corruptos distantes da Cinelândia
Zoo expondo seus animais
a República Federativa do Cirque Du Soleil

Estou trazendo no meu vôo
Devaneios de um conhaque barato
Na escuridão do distrito
Ninguém tem pecado, somente
os padres pedófilos, burgueses
as putas e suas entranhas, e
poetas com medo de nunca
serem lidos

Capital do infame aculturado

3.6.10

Tatuagem

Para Lica

Perfeito
é o meu amor imperfeito
que espanca minha cara
como cão raivoso
enquanto suplico
pétalas rosa chá

Atropela minha vida
deixando no retrovisor
feridas abertas
Mutantes e belas cicatrizes

Perfeito
é à busca do real
enquanto deuses se consomem
na construção de utopias urbanas
iludindo mentes inconformadas
trancafiadas em equações subliminares

Perfeito
é a assimetria do toque
ópio em combustão
Dependência quase química
causando movimentos involuntários
Pele
cheiro
som

Perfeito
é o meu amor
Chorando sem chão
Aquecendo fragilidade em meus braços
Gritando sem nenhuma razão
somente precaução
Confeccionando incertezas
Relicário fatal

Perfeito
é o sorriso escrachado
Surtos de amor maior
Filhos tão presentes
quanto distantes
Cuidados irreparáveis
Carinhos involuntários
Noites de almas que se beijam
enquanto dormimos

Perfeito
é o meu amor imperfeito
Correndo em busca de sonhos talhados
impulsionados pelo tempo
Menina mulher
com o dom de brilhar
Tornando perfeito
toda imperfeição do redor.

1.6.10

Como vovô já dizia

Seria ótimo unir na juventude o otimismo e a certeza da força de mudar o mundo com a experiência que nossos mestres tentam nos impor em vão.

Quando somos jovens, temos a certeza da verdade absoluta e falamos muito mais que ouvimos.

Um dos mestres que mais me orgulho de ter na vida e sem dúvida um exemplo vivo e latente de realizar o impossível é Tobias Pinheiro. Dono dos meus neurônios dedicados as palavras, meu avô. Motivo de me orgulhar tanto do Pinheiro que carrego no meu nome, quanto no nome dos meus filhos.

Nascido no interior do Maranhão na cidade do Brejo, com o mundo dizendo pra ele que não, hoje construiu um império de palavras, reconhecimento e conhecimento descritos em suas apresentações: Ex-presidente da Academia Carioca de Letras, membro de diversas academias de letras espalhadas pelo nosso Brasil, jornalista, poeta, trovador. Saiu do Brejo, ganhou o mundo sem deixar de ser meu vovô, voltando à cidade interiorana anos depois para inaugurar uma escola com seu nome. Que orgulho!

Acho que nunca consegui dizer, olhando nos seus olhos, o quanto tenho de admiração e amor.

Alguns de seus conselhos ficaram marcados e compartilho com vocês.

Como vovô já dizia:

“O Homem que corre atrás de muitas mulheres, acaba se apaixonando por uma mulher que corre atrás de muitos homens” e o que mais gosto: “Que Deus me livre dos meus amigos, porque dos meus inimigos eu sei me cuidar”.

Em nenhum momento tive coragem de apresentar esse blog para meu grande mestre. Acho que por vergonha de me propor a fazer uma coisa com uma referência tão magnífica e tão perto quanto presente, mas tive o grande orgulho de ver meu primeiro poema publicado em um livro de meu avô, num ato de ousadia em homenagem ao poeta e a santa, minha dedicada vózinha Maria Osita, nos seus 60 anos de casamento, que reproduzo abaixo:

O Poeta e a Santa

Palavras em harmonia aos milhões
distribuídas em simetria

Estantes flutuando em sabedoria
iluminando o ego do Poeta maior
na busca insaciável das
frases perfeitas

Enquanto uma Santa
chamada Maria
em paixão eterna
alimenta todo redor
com a paz do equilíbrio entre
o pulso indomável de um poeta
reconhecidamente magnífico e insaciável
e o simplório patriarca
de nômades talhados para brilhar

Nascidos da perfeita química
fundida de um pequeno Brejo
inimaginável para o futuro presente
e o amor de uma Santa
capaz de ultrapassar meras fronteiras
ganhando o mundo que parece pequeno

Mito perfeito que se espalha
entre os continentes
Santa e Poeta juntos por uma vida
semeando no ar
o orgulho de três gerações
destemidas na missão
de dedicar suas vidas
simplesmente a agradecer.”

Que o vovô continue dizendo e iluminando por muitos e muitos anos.

31.5.10

Primeiro Choro

Para Duda Pinheiro

Quando penso que tudo se fez nada
Cadê teu olhar, minha segunda pele
Cadê minha derrota,
que só alegria não satisfaz
Cadê minha bicicleta
Cadê meus pais

Não consigo mais sentir dor
Mesmo que uma suave lágrima
escorrendo, solitária

Peco, como um sorriso frouxo
De perto os sonhos
dispersam, despencam
e deixo tudo virar um som

Cadê meu móbile
Cadê minha cara,
escondida nos pelos que teimam crescer
Cadê meu ciúme, seguro

Cadê você,
que foi dormir entre meus anjos

Perdi tudo quando te vi
primeiro choro
em primeiro colo, em solo
Atrás das tardes e de um sol
que cisma em morrer
marcando meu compasso
gastando nosso momento.

Idiota Equalizado

Eu sou Gisele Bündchen
fazendo stripper
na vila mimosa
cobrando 20 reais a hora

Carlos Drumond de Andrade
fazendo um gol de placa
pelo Real Madri
num lançamento de Zidane

Robert De Niro
fazendo avião
para sustentar seu vício
Comércio no Vidigal

George W. Bush
fazendo ponto na Gloria
de cinta-liga rosa
com amigas travestis

Cicciolina
no Congresso Nacional
pedindo a renúncia
de um presidente de esquerda

Profeta Gentileza
discursando na ONU
armas nucleares
fome mundial

Madre Teresa de Calcutá
na apoteose desvairada
como madrinha de bateria
da Estação 1ª de Mangueira

Mas, queria mesmo ser:
Os peitos da Cássia
O charme do Bono
O Homem Vitruviano do Leonardo
A língua dos Stones
A boca da Angelina
As letras do Nando
Ou não, de Caetano.

28.5.10

Elefante Debochado

Ontem passei em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro e pra quem ainda não viu, ficou maravilhosa a restauração, pelo menos por fora. É digna de orgulho para nossa cidade. Pena não passar lá na frente com mais freqüência, mas, por outro lado, sou obrigado a passar todos os dias na frente de um enorme elefante branco chamado de Cidade da Música.

Sou um cara movido a música e daqueles que acham que a vida sem música seria um erro, mas me envergonho todos os dias por passar na frente de um projeto caça níquel, que está custando aos cofres públicos 670 milhões de reais. Sete vezes mais que o orçado.

Agora imagina você e sua mulher fazendo o orçamento do mês e estimam gastar no supermercado 500 reais. Apenas um dos dois vai ao supermercado e sai de lá com uma compra mensal de 3.500 reais. No mínimo é briga de uma semana, beirando o divorcio, certo?

Desses 670 milhões, quantos realmente foram para a obra da Barra da Tijuca e quantos foram parar em São Conrado, aos pés do imperador romano?

E tudo isso fica impune como se o corporativismo em que cada um pega um pedaço de pão e não mete a mão no pão do outro, protegesse os safados, que se escondem na ignorância do povão que não tem escola decente, hospital sem o mínimo de dignidade, segurança pública que parece um circo, onde a sensação de segurança é mínima e para completar sem os acordes de música da cidade porque o elefante está lá, imóvel, me desafiando a cada ida ao trabalho, me encarando cheio de arrogância, tripudiando da sua própria impunidade, debochando da minha inteligência e do meu senso de capacidade de gestão.

Fazendo outra analogia, seria mais ou menos como se a minha casa tivesse com o esgoto a céu aberto, goteiras no teto, infiltração na cozinha, mofo no quarto dos meus filhos, a geladeira vazia e eu resolvesse comprar um chafariz milionário feito por Gaudí, para colocar em cima de toda merda espalhada pelo jardim. Só que com um detalhe: Com o dinheiro do meu vizinho.

E nada acontece até que um Joãozinho qualquer resolva roubar um pão para alimentar os filhos em casa, porque está desempregado. Agora sim, escuto o som da indignação e vejo as luzes das sirenes, e esse safado vai ficar na cadeia por muitos anos. Quem mandou não ser político.

Enquanto isso, lá no apartamento de São Conrado, está tudo em ordem com o esgoto, com o telhado, com a cozinha, com o quarto das crianças e a geladeira está cheia. Só que um detalhe: Ainda estamos falando do dinheiro do vizinho.

Quanto ao Municipal, que vitrais maravilhosos. Estamos a espera dos espetáculos a preços populares. Será? E o Joãozinho? Esse, coitado, tá “fudido” para dar o exemplo.

Odeio política, mas o desabafo se faz necessário. Desculpe-me, mas foi mais forte que eu. Na melhor das hipóteses sem que tenha havido roubo do pão, Roma deveria ser ressarcida pela “incompetência” do imperador, mas isso é pura ficção num país que perdeu a vergonha no caminho de sua própria história.

Um dia, ainda paro no caminho do trabalho e dou uns tapas nesse elefante branco, sonso e debochado.

26.5.10

Meia Furada

Nunca soube fazer contas
Nunca soube medir o tempo
Telefones sempre gritam

Nunca soube viver em paz
Nunca soube voar
Nunca soube cantar
E nunca prensei um vinil

Escrevo apenas poemas baratos
Melancolia de dia cinza
Daqueles fáceis de chorar

Nunca soube ganhar dinheiro
Nunca soube sonhar
Nunca soube atirar
Mas grito como cão viciado

Nunca soube julgar o frágil
Momentos onde sou normal
Percebo a facilidade de morrer
Te vendo chorar
Num canto qualquer
Sem sol

Fragmento assimétrico de tristeza

24.5.10

Fórmula do Amor

Sabe aqueles casais que servem de referencia de vida, paixão e amor mesmo depois de anos de casamento e a rotina chata que o mundo não vê. Pois bem, em um mundo em que o amor se torna cada vez mais banal, esse amor, esse respeito eterno se torna cada vez mais utópico.

Até onde o amor consegue se renovar? Até onde os casais conseguem superar a rotina, as dificuldades que a vida nos propõe e seguir sentindo prazer em estar junto?

Existem momentos em que aquelas manias que te fez apaixonar viram as coisas mais irritantes do mundo.

Nos apaixonamos pelas partes, que podem ser um olhar profundo, o jeito de fazer xixi, a postura diante da vida, o sorriso preguiçoso ao acordar, um dom, um toque, um tom.

São essas imagens e sensações que nos fazem apaixonar, mas é a admiração e o poder de renovação que mantêm tudo vivo dentro do peito.

Os casais se separam por diversos motivos, que devem ser respeitados porque de perto tudo é muito maior. Onde está a fórmula de fazer o eterno dar certo? Então, como diria Vinícius de Moraes, que “seja eterno enquanto dure”.

Acordar todo dia, buscando o novo, e viver o hoje talvez sejam os caminhos a seguir para um amor utópico e que a chama nunca apague. Se apagar sopre a brasa, converse, inove, mas a cinza pode realmente ser o único caminho pro fim.

Se alguém já encontrou a fórmula do amor, contribua com o blog. Conversei hoje com o Leoni e ele ainda não encontrou.

Amor, ainda continuo apaixonado pelo teu jeito de fazer xixi.

22.5.10

Cine Odeon

Meu amor não para de dizer um breve adeus
Como a certeza do sol pela manhã
Tempo fazendo parte do show
Espelho dentro dos olhos
transmitindo via satélite
cenas de alegria completa

Esqueci de lembrar que já se foi
misturando realidade aos sonhos
tão presentes quanto minha
cinéfila imaginação

30 minutos a cada cigarro,
milhões de cigarros até a volta
Raiz de três.

Eternidade com direito ao mundo
Realidade exposta num Dalí
Iluminado como imagino o inferno
Suave como a voz de Cássia
Feliz como um banho de sol no hospício

Minha tela de cinema
Minha indicação a melhor ator
Não perca o brilho guardado no olhar
até meu filme passar em reprise no Odeon
em uma sessão à preço popular

21.5.10

Conversando é Muito Melhor

Costumo dizer que, pela lei dos homens, cada um de nós pode por direito ter no máximo três vícios. Os meus três vícios confessos são o cigarro, o Flamengo e o sexo.

Hoje quero falar sobre meu terceiro vício citado.

Sexo pra mim nunca foi um tabu. Com 10 anos lembro-me de minha mãe chegar em casa com um livro de umas 200 páginas da Marta Suplicy, explicando tudo sobre sexo. Lemos o livro todo juntos. Foram momentos deliciosos e que pretendo ter com meus filhos. Lembro que algumas das coisas já eram conhecidas, de conversas anteriores e da rua, mas me recordo daquele momento como um marco libertador.

Acho que depois de escutar minha mãe me perguntando se eu já me masturbava nada mais me fez ficar vermelho sobre o assunto, e o sexo passou a ser pra mim um momento totalmente livre, sem restrições, libertador.

Sempre gostei dos fragmentos, da exploração, do prazer mútuo e da busca pelas novidades.

Sempre tive claramente a divisão do sexo em três momentos: diversão, paixão e amor e sempre vivi a utopia de vivê-los num único momento. Quando isso acontecesse, com revés, seria o fim da minha vida de solteiro. Com uma mulher dessa a única coisa certa a fazer seria casar e fazer todo o dia durar para sempre.

O Destino me reservou a sorte de viver isso. Depois de 7 anos ainda conseguimos redescobrir o gosto do novo, renovar diariamente o romantismo, ser visceral e sublime. O caminho que encontramos para isso foi a comunicação. Conversando é muito melhor.

Se vai ser eterno não sabemos, mas com tanta gente batendo cabeça no mundo em busca de um grande amor, que dure enquanto for cuidado, pois desse vício eu nunca irei morrer.

Vamos falar mais sobre sexo, sem fronteiras e paradigmas. Debata com seu parceiro, com seus filhos, com seus pais.

Obrigado mãe por me ensinar a falar sobre esse vício delicioso, sem pudores, sem restrições.

18.5.10

"Cariocando"

Estava fazendo o caminho para o trabalho e, passando por São Conrado, vi uma rua perto da praia, cheias de folhas pelo chão. O clima era típico do outono carioca, com aquele sol que esquenta, mas ao mesmo tempo com aquela brisa gostosa e gelada.

O cheiro das árvores misturado com a brisa do mar.

Nesse clima faltava um som e me lembrei de “Outono no Rio” do Ed Mota que tinha no meu MP3. Procurar, apertar play e perfeito.

“ Há um lugar para ser feliz, além de abril em Paris. Outono no Rio” e isso me deu um orgulho enorme de morar no Rio e é muito mais que o Pão de Açúcar, Corcovado e Copacabana. O Rio é o cenário ideal para histórias de amor.

Costumava dizer em alguns momentos que morei fora do Rio: Aqui é bom, mas é uma merda e o Rio é uma merda, mas é bom. Já quase apanhei por isso, mas é outra história.

Pra quem nunca viu, recomendo o filme Bossa Nova (cineasta Bruno Barreto, 2000), que em minha opinião, possui uma das fotografias mais bonitas do Rio de Janeiro, além de ter uma história linda de amor cotidiano.

Ser carioca é isso, escrever pro seu blog, na praia vendo o pôr do sol. Antes que alguém fale alguma gracinha sobre a violência do meu lindo Rio de Janeiro, estou tendo cuidado com o notebook.

16.5.10

Do parto até a vitrine

Queridos Andantes, nasce o Blog Dentro de Todos os Amores.

Tudo não passa de uma vontade de expor ao mundo um pouco dessa minha introspecção e os “poemas” que tem se multiplicado em gavetas, caixas e Hd´s.

Nesse primeiro momento postei 3 poemas de fases distintas que espero que apreciem, comentem ou apenas odeiem.

Não há nenhuma pretensão inicial de me tornar um “blogueiro” famoso, ou ainda ter milhões de seguidores, mas apenas ter a sensação que as gavetas tomaram asas e que o mundo poderá ter acesso a elas.

Salve a geração nativa digital...

My Best Brother

Coisas estão pelo ar

Naquela igreja distante
Encontrei meu anjo na terra
Depois de cavar buracos doentios

Agora consigo morrer tranqüilo

Meu sorriso tem sua cor
Tua volta fez sentido único
Nosso amor é eterno
Mesmo que não dure meu corpo

Agora que tenho tudo
Preciso de mais ar,
Da nossa mulher ao meu lado
E de um sorriso bobo

Minhas juras de amor
Teus olhos de verdade
Tua inocência sincera
Transportam-me a um mundo melhor

Meu silêncio que escutas
Lá do teu quarto
Fazem-me choro tolo
Que escondo de vergonha
De tudo aquilo que ainda não sou

E eu que nem tinha cor
E eu que refletia coisas banais
E via beleza no podre
Juntei o meu melhor
Mesmo que pouco e calado

Sou teu
Sou delas
Sou maior

Encontrei meu anjo na terra,
Meu amigo,
Meu filho.

Força Babilônia Supernova

Templários,
Einstein, Gandi, Oxalá

Leonardo da Vinci
Profeta Gentileza
Todos os papas, Alá

Guerreiros Medievais, das cruzadas
Samurais, Super Mouse
Nossa Senhora Aparecida
Mãe Menininha do Cantua

Hitler, Guevara, Capitão América
Gurus Tibetanos, Buda
Zico, Freud, Cartola
Arnaldo Antunes, Spectro Men

Mike Tyson, Os Beatles,
Os três patetas, São Judas Tadeu
Bispo Macedo, Walter Mercado
Iluminates, Backardigans, Mãe Diná

Sonho não tem paz
Paranóico
O belo do medo tem amor

Sufoco no torto morto
Iluminando os guetos
Marcianos em discos astrais
Invadindo com o cú na mão

Morteiros no céu gris
Exorcismo numa igreja
Criança de automática
Tudo por baseados
apertados e lambidos
nas notas de cem

No check-in
Tudo em paz
Tem vapor com faro
de cachorro viciado

No baile só da ela
Rebolando, alucinada
linda, leve, show
Bailarina Samba Funk Rock

No Cardápio:
Preta, amarela, oriental
Branco, preto, futebol
Vodca Absoluta

Parece caótico
mas tudo sempre fica normal
Corpo fechado
Força babilônia supernova